Entrevista a Bernardo Ferreira

A entrevista que se segue pertence a Bernardo, um jovem de Coimbra. Uma pessoa grata, mas com o seu caminho em construção. A entrevista que aqui segue é de um gerontologo e mais do que isso. 

1- Quem é o Bernardo?

R: Uma pessoa que, desde muito novo, carrega uma longa e vasta bagagem de vida, com muitas experiências e conhecimentos. É uma pessoa grata por tudo o que tem na vida, mas ainda é um ser humano em construção.

2- Como te caracterizas numa frase?

R: Só tenho uma palavra: único. É difícil descrever-me através de uma frase e então achei que esta palavra é a melhor e mais próxima na minha caraterização. Salienta que eu e todos na sociedade somos todos únicos e diferentes.

3- O que dirias ao teu passado?

R: "Agradeço por todas as coisas que tu me fizeste passar e pelas coisas boas que me deste na vida. Está na hora de me preocupar pelo presente e o meu futuro. E tu deste-me as ferramentas para fazer, do meu presente e do meu futuro, algo melhor. Fica bem e segue a tua vida!

4- Porquê de teres escolhido estudar gerontologia social?

R: Gerontologia Social foi uma grande surpresa! Eu antes era para ter ido para psicologia, mas, devido aos exames nacionais, não consegui entrar e, em alternativa, entrei num curso técnico superior profissional, de nível 5, de Psicogerontologia, ou seja, psicologia dos idosos porque tinha o ramo da psicologia que gostava, mas tinha medo de não gostar da área da gerontologia. A partir do momento que entrei numa ERPI (Estrutura Residencial para Pessoas Idosas), foi aí que deu uma luz que era isto que queria seguir. O ISCIA, Instituto Superior de Ciências da Informação e Administração, era para ter aberto a licenciatura em Gerontologia Aplicada, mas foi chumbado pela Agência A3ES, que credita os cursos nas universidades, e então, em alternativa, vim depois para Coimbra para dar seguimento aos estudos na área.

5- O que é Gerontologia Social?

R: A Gerontologia é a ciência que estuda o envelhecimento. Para estudar a pessoa idosa temos de conhecê-la nas diferentes áreas: biológica, psicológica e social, ou seja, num modelo biopsicossocial. A Gerontologia Social, de acordo com o Gerontólogo Clark Tibitts, serve para descrever o estudo do impacto dos processos sociais e socioculturais no processo de envelhecimento. Para Clark, o envelhecimento não ocorre num vácuo, mas num contexto social que determina o processo de envelhecimento.

6- Um gerontólogo é um médico?

R: Não, muita gente confunde um gerontólogo com um Geriatra. Um Geriatra é que é um médico, visto que a geriatria é um ramo de especialização da medicina. O Gerontólogo atua para cada pessoa idosa através do modelo biopsicossocial, através de intervenções, projetos, atividades, etc.

7- Existe algum tipo de consulta?

R: Não propriamente, mas os Gerontólogos fazem um aconselhamento gerontológico, isto é, em caso de os idosos necessitarem de algum tipo de apoio, o Gerontólogo estão lá para aconselharem e darem soluções e alternativas para eles.

8- Geralmente um gerontólogo é procurado para que?

R: Um Gerontólogo é chamado para promover um envelhecimento ativo através de iniciativas, projetos, atividades, intervenções e também ser integrado numa equipa de profissionais dedicado ao idoso.

9- Vocês seguem alguns tipos de conceitos?

R: Como já foi referido, nós seguimos o modelo biopsicossocial para conhecer e ajudar o idoso, ou seja, conhecemo-lo a nível biológico, psicológico e social.

10- Com que matérias vocês estudam o processo de envelhecimento humano?

R: Nós conjugamos as matérias do modelo biopsicossocial para fazer o estudo do envelhecimento, ou seja, matérias das áreas da psicologia, biologia e saúde, e social.

11- Vocês trabalham com algum tipo de apoio?

R: Nós trabalhamos em equipas que, de certa forma, ajudamo-nos mutuamente uns aos outros e isso contribui para uma interdisciplinaridade, que é fundamental para o trabalho que se tem a realizar e relação às respostas à pessoa idosa.

12- Vocês têm que lidar com o processo da morte?

R: Sim, porque para trabalhar com o idoso é necessário um estabelecimento de uma relação. E claro, as pessoas idosas chegam ao ponto de marcarem-nos nas nossas vidas através das coisas que vamos aprendendo e das palavras, gestos que demonstram. Nós sempre sentimos um crescimento ao trabalhar com eles e tornamo-nos ainda mais humanos do que éramos antes. O nosso processo de luto vai dependendo muito da ligação que temos com a pessoa idosa.

13- O que é o equilíbrio psicoafectivo?

R: De uma forma resumida, o equilíbrio psicoafectivo está relacionado com a estabilidade de afetos do individuo no seu meio, que há de contribui para um equilíbrio emocional estável do mesmo.

14- O que dizem os teus olhos?

R: "Para frente é que é caminho!"

15- Como vês o teu futuro?

R: O que fizer hoje há de influenciar o amanhã! Logo só olho para o meu presente, faço e farei tudo o que possa no presente para que me traga o melhor amanhã possível!

16- Comenta esta frase: "Temos de nos tornar na mudança que queremos ver" de Mahatma Gandhi.

R: Na minha ótica, nós, jovens, somos os futuros agentes modificadores da sociedade e como tal temos que começar a ter mais consciência das coisas que se passam à nossa volta e agir para a solução do mesmo. Não devemos ficar indiferentes! É necessário zelar pela formação do próprio pensamento crítico e agir, atendendo às convicções, princípios e valores que vamos obtendo ao longo da nossa vida! Temos que ter em atenção às ditas "lavagens cerebrais" que andam por aí! Se acreditamos realmente naquilo que defendemos e pensamos, então é lutar por isso! Aí é que fará a dita diferença na sociedade, é assim que nos faz ser diferente uns dos outros. E, acima de tudo, se todos nós soubermos pôr a palavra respeito, empatia e tolerância em prática, a sociedade irá mover montanhas e aí teremos a verdadeira democracia que eu e muitos defendemos: uma democracia mais igualitária, mais justa e com mais liberdade.