Testemunho "Gravidez" de Thais

20-03-2021

Olá. Meu nome é Thaís. Sou brasileira e portuguesa, brasileira de nascença e portuguesa de sangue (pai português). Vim morar em Portugal em 2017, e tudo desde o início foi uma enorme aventura, descoberta e crescimento pessoal. Mas tudo se intensificou-se em 2018 quando descobri a gravidez, que até então era desejada, mas para aquele momento, não esperada. Foi um mergulho (se assim posso dizer) nos mais diversos sentimentos: medo, alegria, incerteza, força, coragem, ansiedade... Até ali, eu tive a segurança da minha família ao meu lado (marido, mãe, irmã, cunhado, sobrinha) e sabia que o maternar não seria tão difícil, assim eu contava. Para muitas mães que são imigrantes como eu, não ter rede de apoio é a parte mais difícil do maternar, e isso no início, eu pensei que não seria ruim para mim, pois eu tinha todos ali ao meu lado, além de amigas que foram tão carinhosas e me apoiaram em todo o momento. Porém mal eu sabia de todas as turbulências que iriam vir. Primeiro a baixa de gravidez de risco, a demissão do emprego, a mudança de cidade, o afastamento físico da minha família, a descoberta de tudo ser diferente aqui, descobrir o que era preciso para um bebê, tipos de roupa, marca, fazer acompanhamento certo, exames, mudar de hospital e médico no meio da gravidez, fazer um exame evasivo que poderia colocar em risco a vida da minha filha. Foi entrar num parque de diversão, ter momentos bons e ruins. Com a chegada da reta final da gravidez tudo estava mais claro e mais tranquilo. O parto não correu como eu bem pensei, mas tive uma equipe excepcional ao meu lado na maternidade e isso ajudou muito desde a indução do parto até a alta hospitalar. Mas esse era o início da vida de mãe, de ser mãe, de me tornar mãe.

O maior desafio de todos, realmente não tinha começado. Ele começou quando chegamos em casa. Começou quando eu vi aquele serzinho tão frágil, tão pequena, que seria a partir dali, totalmente dependente de mim. Dependente de amor, de carinho, de afeto, de atenção, de cuidado, de educação, de direção, de dizer o que é certo ou o que é errado. Dependente de todo o cuidado, de proteção, de força. Foi ali que me choquei com a realidade: eu poderia ter todo o apoio do mundo, mas eu seria o mundo para aquele ser, e precisava dar meu melhor por ele. Foram inúmeras descobertas, foram erros que se tornaram acertos, foram choros e risos que formaram a mãe que sou hoje. E mesmo depois de me despedir da minha família (que voltou praticamente todos para o Brasil), mesmo depois de enfrentar a tão tenebrosa pandemia, de ter pego covid, eu digo hoje com o coração cheio, de alegria e ainda muito medo, que ser mãe é surreal, medonho e uma das melhores experiências da vida. E que apesar de todos os desafios, se tornar cada dia uma pessoa melhor e mais forte por seu filho, é se tornar um herói de capa invisível.

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